domingo, 2 de abril de 2017

A venda do Novo Banco

Do que li e numa tentativa de compreender o que representa a solução escolhida para o Novo Banco, consigo resumi-la nos seguintes pontos
1. Os bancos perderam, até agora, em termos de prejuízos acumulados, cerca de 14 mil milhões de euros e o retorno do capital próprio continua em terreno negativo.
Pode, assim, deduzir-se que este negócio não é muito rentável para os accionistas destas instituições.
2. Os bancos devem ser rentáveis. O que significa que o panorama da banca europeia e também da nacional, deverá ser mudado. Essa mudança imporá um esforço de inovação na prestação dos seus serviços.
3. O Novo Banco irá ter de enfrentar esse desafio, com a agravante de que ainda possam pairar sobre ele contingências de todo o processo de resolução do antigo Banco Espírito Santo.
4. Tais contingências constituem um factor de risco e de alguma incerteza que pode perturbar a sua avaliação.
5. Além disso e apesar do que o governo continua a anunciar, as perdas imputáveis a todo este processo vão estar no Fundo de Resolução, e vão ser suportadas pelos bancos nos próximos 30 anos.
6. O que significa que vamos todos contribuir … porque os bancos, ao pagarem ao Fundo de Resolução, vão, necessariamente fazer repercutir esse custo nas suas operações.
7. Acresce que o Estado, como accionista, vai assumir um risco que pode correr bem ou pode correr mal. Se a operação correr muito bem e o banco se valorizar, a participação do Estado valorizar-se-á e o Estado ganhará com isso. Mas se houver problemas no banco, se correr mal, o Estado vai ter de suportar os custos dessa situação.
8. E isto apesar de tal participação ser detida pelo Fundo de Resolução, em vez de ser detida pelo Estado.
9. Assim, parece que o que se pretendeu, de facto acautelar nesta solução, terá sido uma exigência a nível comunitário.
10. É o que se pode deduzir do que está a passar-se com a Caixa Geral de Depósitos, que, segundo foi anunciado, precisará de reduzir o seu pessoal e de fechar balcões.
11. O mesmo se iria passar no Novo Banco se a opção fosse a nacionalização. Portanto, a ideia de que nacionalizando a instituição, isso permitiria preparar o banco para o vender melhor mais tarde, não é muito crível.
12. Com efeito, o banco, enquanto entidade estatal, iria ser confrontado com pressões e resistências políticas que o iriam impedir de prosseguir o seu caminho no sentido da sua valorização.
13. Assim, é do interesse do país e do sistema financeiro que este problema se resolva de uma vez por todas, já que a experiência mostra que quanto mais tempo demoramos a resolver estas querelas, maior será, por norma, a factura que vamos ter de pagar.
14. Esta é, aliás, no fundo, a grande lição que devemos a tirar do caso BPN.

Parece, então, que destes quinze pontos se poderá concluir que:
A - a solução encontrada, nas actuais circunstancias, sendo má, terá sido a menos má de todas as outras possíveis.
B – é quase certo que,  de forma directa ou indirecta, todos iremos pagar esta factura.

HSC


Em tempo: Todas as notícias que vêm sendo dadas posteriormente a este post só confirmam que os contribuintes, uma vez mais, irão ser chamados a pagar. Para além do facto de esta venda parecer tudo menos uma venda...

4 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Os meus conhecimentos não chegam para analisar
friamente se foi a melhor das piores situações.
Sei é que do n/bolso saíram muitos milhões para
cobrir as "asneiras" dos administradores dos Bancos
em Portugal, sem que "aparentemente" lhes tivesse
acontecido algo.E que vai sair ainda muito mais.
Ricardo Salgado diz que o Banco foi dado, e eu
"que não tenho conhecimentos suficientes" digo no
tempo de Salazar(já sei que me vão chamar facista)
e eu acho que não sou, mas dizia nesse tempo algo
parecido com isto que tem acontecido com os Bancos
seria possível?
Há qualquer coisa de muito estranho em tudo isto, eu
pago bem as Bancos pelos serviços que me prestam, se dão
prejuízos não percebo.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves

Maria Eugénia disse...

Conclusão:
A-
B-
C- BCE/UE oblige...

Maria do Porto

Helena Sacadura Cabral disse...

Maria do Porto
E também comprador oblige...

Pedro Coimbra disse...

Longe vão os tempos de António Champallimaud.
Há três negócios que nunca falham, ensinava:
Uma farmácia porque as pessoas adoecem e precisam de medicamentos;um talho porque as pessoas precisam de comer; um banco porque nos dão dinheiro para a gente guardar e multiplicar.