domingo, 7 de abril de 2013

Amizades

Hoje o Domingo esteve ameno e eu almocei mal, mas comi frente ao Tejo, com uma luz de primavera envergonhada, à conversa com uma das minhas amigas mais serenas e afáveis.
Quando já se viveu alguma coisa, como é o meu caso, as velhas amizades permitem silêncios reparadores, apenas cortados por uma ou outra observação que sentimos ser bom partilhar.
Esta velha amiga - que o é apenas no tempo que dura o nosso conhecimento - que no resto ela está fresca como uma rosa, tem essa raríssima qualidade de "saber estar com o outro" da forma que ele precisa. Assim, por exemplo, é com ela que gosto de visitar exposições. Vamos ao sabor de um ritmo que é o nosso há já cerca de quarenta anos.
Quando isto acontece há todo um passado de conhecimentos comuns, de experiencias vividas, de posições assumidas, que torna fluida uma conversa mesmo relativamente curta. 
Depois a Maria  Nobre Franco, porque é dela que se trata, conhece-me como os dedos da mão e sabe como poucos interpretar os meus estados de alma. Tudo isto deu ao meu Domingo aquele tom ameno de que tanto gosto.
No sábado, ao contrário, um velho amigo juntou na sua casa, outros que para mim eram recentes. Pois também neste caso, a conversa"rolou" tanto e tão bem, que largamos o nosso anfitrião já passava das quatro da madrugada. Aqui o engraçado foi entrar por passados e gentes que todos havíamos conhecido e pela troca de ideias entre pessoas que professavam ideologias e até religiões diferentes. Foi muitíssimo agradável.
Pelo caminho de retorno, apesar do adiantado da hora, não consegui deixar de sorrir e de me lembrar que, não havendo coincidências, também é verdade é que nada acontece por acaso...

HSC

14 comentários:

zia disse...

Que agradável e cheio de amizade foi o seu fim de semana!
Desejo-lhe uma semana boa e suave!
muitos beijinhos,
lb/zia

João Menéres disse...

Quando há diferenças entre pessoas EDUCADAS, as conversas são (até ) muito mais interessantes !

Felicito-a por este EXCELENTE FIM DE SEMANA !

Anónimo disse...

É bom ter-se amigos assim!
Eu não tenho muitos desses, mas os que tenho são muito bons e agradeço a Deus todos os dias por eles.

Um beijinho,
Vânia

Raúl Mesquita disse...

A explicação da Simone Weil diz tudo. Não lhe chamei, propositadamente, definição, Pode alguém definir Amizade?

Obrigado por mais esta partilha amiga, Cara Helena.

Raúl.

Isabel Mouzinho disse...

Os amigos bons e verdadeiros são isso mesmo que diz: têm a sensabilidade de perceber qual a maneira de que precisamos deles em cada momento e, por isso, sentimo-nos com eles como se estivéssemos em casa, a sua presença aconchega-nos, sabem estar e não estar nos momentos certos, nem que isso seja, simplesmente, dar um abraço sem palavras, ou ficar em silêncio.
E é tão boa a certeza segura de nos termos para tudo, sem que isso tenha sequer que ser dito...
É tão bom ter bons amigos, não é? Também sinto muito isso.

Um grande beijinho
Isabel Mouzinho

Anónimo disse...

Que bem sabe ler o seu fim de semana. É bom "tê-la" assim logo na segunda feira. Vale a pena esta luta para quem, como eu, ainda tem sorte de ter um trabalho que nos dá luta e nos faz gozar o fim de semana.

Beijinho
A. Malheiro

Anónimo disse...

Existe sincronicidade sim!
Quando ela nos toca aprendemos a seguir um rumo, um pouco como os sinais que os escuteiros deixam para indicar caminhos.

Um Jeito Manso disse...

Olá Helena,

E, já agora, por falar em estima e por falar em beira do rio, permita-me que a convide a ir ouvir uma coisa de que, cá para mim, vai gostar.

Se eu tivesse um bar com esplanada ao ar livre sobre o rio, numa noite quente de verão, convidá-la-ia para ouvir ao vivo (e isto, claro, sou eu a sonhar que conseguiria 'bancar' virtuosos destes...). Como não tenho, o convite é virtual:

http://ginjalelisboa.blogspot.pt/2013/04/uri-caine-com-paolo-fresu-interpretam.html

Um abraço, Bárbara Helena, e espero que goste.

ERA UMA VEZ disse...

... amor/amizade, sei lá eu

Olhar a cidade mil vezes conhecida
de um novo lugar
no cimo de um teatro
lugar inventado
imaginado há tanto tempo

de um lado o Sado imenso azul
desafiando a outra margem
e o caminho para o sul

do outro a serra os montes
dois castelos
e
ali debaixo de nós as torres das velhas igrejas
a avenida
o coreto
as flores
o casario

não foi preciso falar
deslumbrado
o nosso cúmplice olhar
desaguou no rio

Anónimo disse...

Cara Helena não a conheço pessoalmente, mas admiro-a bastante. É uma pessoa cheia de energia e não deve ser fácil manter-se assim depois de ter perdido um filho. Gosto de ler o seu blogue e hoje achei particularmente interessante quando se refere a Maria Nobre Franco que conheci em pequenina através da amizade que ela tinha pelo meu tio o pintor José Escada que por sua vez era também muito amigo do seu ex-marido Nuno Portas.Na altura lembro-me que a achei linda de morrer e assim deve de continuar.

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro/a Anonimo das 16:23
Também eu fui muito amiga do José Jorge e sempre que ia a Paris estava com ele. Mantive-mo-nos amigos, mesmo depois da separação, porque o seu tio tinha essa rara qualidade de não misturar amizades com problemas familiares.
Tenho uma pequena pintura dele - do tempo dos ossos - que anda sempre comigo e que foi desenhada num restaurante onde fomos jantar.
Era um amigo muito querido e não são poucas as vezes que dele me lembro!
Bem haja e receba um abraço meu!

Anónimo disse...

Olá D. Helena,

tem estado um pouco silenciosa ... certamente que estará bem, pelo menos assim desejo.

Não nos conhecemos fisicamente, nem tal seria possível, porque simplesmente vivemos em estratos diferentes, não que esteja a insinuar qualquer crítica ou lamento, acredite, simplesmente assim é e para o mundo manter o seu equilíbrio natural assim tem de ser.

O que não impede, de todo, que goste de ler os seus comentários por aqui e, furtivamente, ler excertos dos seus livros nas minhas incursões às livrarias e outros locais de venda de livros. Eu sei que não é nada abonatório para a questão dos direitos de autor, mas a verdade é que não disponho de recursos suficientes para adquirir livros ... (um dia, voltarei a poder, certamente.)

E, por gostar da sua imagem que me faz lembrar a minha querida avó (quando tinha a sua idade), por apreciar os seus textos e escutar as suas opiniões que muitas vezes me ajudam a ter uma percepção mais abrangente de parte do mundo em que vivemos, quero enviar-lhe daqui um "punhado de força e ânimo" para a ajudar a viver estes próximos dias de lembrança viva ...

Fique bem e sorria, porque o seu sorriso até ao céu chega!

Com estima,
Cláudia

Teresa Peralta disse...


Subscrevo, em absoluto, as palavras da sua comentadora Claudia.
Faltou-me a coragem de interromper o seu silencio, de guerreira adormecida, na medida em que considero que, também ele, é um direito que lhe assiste. Confesso, no entanto, que já estava a ficar preocupada...
Estamos muito mal habituados...
Boa Noite, com um grande abraço.

herminia disse...

Também almocei enfrente ao Tejo,nesse dia, a Maria Papoila foi a Lisbos, e fiquei muito triste, junto ao restaurante que uns amigos me levaram , no cais do sodre, estava um outro restaurante bem engraçado mas fechado, e no seu avançado, servia de repouso a muitos "desgraçados" deste país, pessoas que passam sem fronteiras, a vida lhe corre mal e lá se espreguiçavam, rolavam e não estavam sozinhos, incomodou-me ver aquele flagelo.
<Enfim, volta não sei dar, mas talvez alguém podesse ajudar aqueles miseráveis.
Desculpe o desabafo, mas aqui no norte, embora muito desemprego, portas fechadas, mas não se vê aquele estado tão deprimente.
Até breve
Herminia