quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ernâni Lopes

Acabo de vir da missa de corpo presente do meu colega e amigo Ernâni Lopes. Não quero falar do economista. Era muito bom. Mas essa é a faceta que hoje menos me interessa. Interessa-me, sim falar do homem.
Conheci-o no Banco de Portugal e aí fomos muito próximos. Pertencíamos ambos ao Gabinete de Estudos e as nossas salas de trabalho eram ao lado uma da outra. Devo-lhe uma paciência infinita para aturar as minhas dúvidas e me explicar os procedimentos do banco central.
Foi, aliás, na sua companhia que visitei a Caixa Forte e vi as barras de ouro que lá estavam guardadas. Devemos isso ao Dr. Ramos Pereira, um homem de caracter excepcional que, tendo entrado como simples empregado chegou a administrador, num tempo em que a competência era o único critério de escolha da casa. Seria, infelizmente, laminado no 25 de Abril por todos aqueles a quem tinha ajudado. Nem o Ernâni nem eu jamais o esquecemos.
Hoje morreu um homem bom, um pai excepcional, um marido exemplar e um amigo raro. Estive com ele há muito pouco tempo e a sua ternura por mim, depois do que acontecera ao meu filho Miguel, tocou-me profundamente.
Hoje o país, a família e os amigos ficaram mais tristes. Mas acredito que o céu tenha ficado mais rico!

HSC

3 comentários:

O CÊPA disse...

As instituições começam a terminar os seus dias, uma após outra. Tinha eu dez anos, era mancebo este senhor que agora nos deixou, quando o Poeta Pedro Homem de Mello tentou entrar no autocarro de onde saía a jorros juventude e mais juventude e com a sua voz característica disse, afastando-se para o lado: - "Deixem passar os homens de amanhã". Que maus eleitores temos sido!
Bem haja por sentir apego às boas instituições.

Teresa Santos disse...

Que falta fazem Homens desta verticalidade, desta fibra, a este paupérrimo país!
Paupérrimo de valores, paupérrimo de homens honestos, paupérrimo de homens que mereçam ver o seu nome escrito com letras grande.
E há medida que estas vozes sábias se vão calando, nós vamos ficando mais desamparados, mais entregues a um triste destino!

Anónimo disse...

Mas acredito que o céu tenha ficado mais rico!

Que bonito Doutora Helena

Abraço
Isabel Seixas