segunda-feira, 7 de junho de 2010

Lá como cá ...

O El País publica uma sondagem na qual revela que Jose Luis Zapatero já nem consegue o apoio dos seus eleitores. De facto, 75% destes chumba a sua gestão e 70% afirma já não confiar no Primeiro Ministro.
Lá como cá, metade do país considera um mal maior a realização de eleições antecipadas que iriam bloquear uma série de medidas urgentes de combate à crise.
Lá como cá, o governo não quer ser comparado à Grécia e, agora por extensão, à Turquia, considerando que a Espanha é um país sério e longe da insolvência revelada por aqueles últimos. No entanto, mais de 50% dos inquiridos considera urgente e indispensável mudanças imediatas no executivo espanhol.
Lá, como cá, claro. Só que a amizade que une os dois resposáveis da Ibéria, não deixa que nenhum deles veja o "argueiro no olho do vizinho". É pena. Ganhavam os dois!

H.S.C

7 comentários:

Cravo de Carne disse...

O pior mesmo é sentirmos que o Governo fica pasmado nesse limbo (não saio porque não me fazem cair; não o faço cair, porque eleições seria mal maior) e... as medidas urgentes por tomar ou, se tomadas, de forma avulsa, desgarrada... E todos a pensar: quem paga é sempre o mesmo e o resto continua na mesma.
Vamos fazer férias em Portugal!
Nota: gosto muito do seu blogue. Aprecio a forma objectiva, sensata, crítica e simultaneamente serena com que nos dá conta das contradições que oscilam em torno do nosso fio de prumo.
Muito obrigada!

Maré alta disse...

HSC, o seu post de hoje, fez-me lembrar um incidente que assisti no passado fim de semana.
Ao fazer a minha caminhada habitual, quando é possível, assisti ao seguinte. Um professor de Educação Física, ao serviço da autarquia, desta minha cidade, e como tal com uma carrinha da autarquia para transportar os atletas, quando necessário. O senhor, no passado domingo, vinha a sair do Modelo, hipermercado, com as suas compras e dirigiu-se para o seu meio de transporte. Qual o meu espanto. O meio de transporte, era a carrinha da autarquia. Logo surgiu em mim a seguinte questão. Bom, isto é servir-se do estado(autarquia) e não servir o estado(autarquia).
A culpa seria de quem? Da autarquia, que não controla a sua frota automóvel durante o fim de semana? Ou da dita pessoa, que não deveria ter utilizado a carrinha na sua vida particular?
Na verdade, uma coisa é certa, esta promiscuidade, que continua a proliferar em Portugal leva os contribuintes a pagar e ao que parece cada vez mais e a um país cada vez mais pobre. Pois, o combústivel utilizado. Quem pagou? O desgaste, da carrinha, conduzindo mais rapidamente à sua substituição. Quem paga?
A falta de sentido de ética por parte da maioria das pessoas, que se traduz, por exemplo, nesta banalização de comportamentos, tem conduzido Portugal ao caos.
O que pensa disto Helena?
Bem haja,por este espaço existir de partilha de ideias.
Obrigado!

Anónimo disse...

Eles poderiam umir-se e ser amigos, sim para uma Ibéria poderosa... mas enquanto andarem ás ordens destes os interesses em causa nem são os nossos como portugueses, nem os dos espanhóis!
As ordens são-lhes dadas por outros. Interesses económicos estrangeiros.

Helena Sacadura Cabral disse...

Maré Alta
Acho lamentável e indigno de quem ocupa um lugar na autarquia. Ainda vou ao limite de tolerar numa emergência de saúde e por qualquer falha de meio próprio. E com o dever de declarar o uso e sujeitar-se eventual critica.
Mas para fazer compras?! Para quem? Se eram para a autarquia, calo-me. Mas, então, devia ter um dístico "em serviço da autarquia".
Em proveito próprio é um exemplo lamentável e que devia ser punido.

Lura do Grilo disse...

A Espanha está numa situação gravíssima por culpa própria e não de outros interesses. Uma má gestão de Zapatero, uma Justiça e Judiciária completamente partidarizadas, uma imensa corrupção dos governantes de que Bono é um caso absolutamente surrealista (mas há ainda Chaves, DelaVega, etc) e ainda por uma causa que não temos: as autonomias que sorvem 5% do PIB apenas para duplicar cargos, carros oficiais, institutos, embaixadas, tradutores, múltiplas línguas, e igualmente corrupção de que a Catalunha, Andaluzia e ilhas baleares se destacam (casos Mercasevilla, Munarca, Poniente, Pretoria, etc)

Dia 1 de Julho a Espanha precisa de 23 biliões para honrar os compromissos! Quem lhe emprestará?

Helena Sacadura Cabral disse...

Lura
É trágico ver como a Europa se afunda e a América nos enterra...
Todos parecem adormecidos. As boas reformas, os carros de luxo, as mansões e o povo que trabalha a pagar...

Anónimo disse...

Independentemente do que, muito legitimamente, possam pensar os nossos vizinhos espanhóis sobre Zapatero e, a acreditar nessas sondagens, estarão cheios de razão, caso contrário não seriam tão negativos na avaliação ao seu actual PM, não julgo que o seu antecessor, JM Aznar, pudesse ter feito melhor, para debelar a crise. A corrupção de que Lura fala já vinha de longe, de Aznar, onde se tinham registado casos emblemáticos também. A Europa atravessa uma crise grave, provocada por agentes deste capitalismo actual, sem regras, sem moral, sem princípios (porque os diversos Estados assim o permitiram), da Banca (sobretudo desta, convém NUNCA esquecer, já que foi ela, em boa parte, quem despoletou esta situação) ás grandes empresas, aos Estados e Governos, à manipulação da Justiça, ao tráfico de influências a todos os níveis, etc, etc, etc.
Há umas décadas a esta parte, a Europa era capaz de “encontrar” lideres à altura desta situação, independentemente da sua filosofia ideológica, mas hoje tal não sucede. Há como que que uma incapacidade de saber liderar, falta carisma, autoridade com “A”, capacidade de aglutinar, de convencer, enfim, falta credibilidade em quem exige e pede sacrifícios. Há uma enorme descrença por parte de quem é suposto ter de sacrificar-se. Há muito biltre, haverá que reconhecer, a tentar cavalgar-nos à custa da crise, a aproveitar-se dela, a fingir que está preocupado com o nosso bem estar. Perderam-se valores, perdeu-se crédito político, ficaram frustações económicas, sociais e até culturais. E não apareceu nada a preencher tudo isto. Há, convenhamos, um profundo desânimo, desinteresse. E muito vazio, político e moral. Em todos os sectores da nossa Sociedade, ou das Sociedades europeias, ou quase. E, aos poucos, poderá vir a instalar-se algo cujas consequências, polítco-sociais, ainda estão para ser avaliadas: um cada vez maior egoísmo, tipo, “salve-se quem puder”, “há que tratar de nós e só depois dos outros”, “não confiar em ninguém do Estado”, por aí. Confesso-me algo péssimista, ainda que não, até à presente data, totalmente. Mas, a ver vamos. Oxalá me engane. Preferia, sinceramente.
P.Rufino