domingo, 15 de março de 2009

Sábado à noite...

Aqui está o que disse antes. À noite, desafiada pelo meu filho mais novo, fui com ele ver o espectáculo do Casino de Lisboa, chamado Fuego. Fabulosa prova de flamengo, com Carmina Borana à mistura. E aí estava eu, de pé, a aplaudir e a gritar bravo a plenos pulmões, arrastando comigo o político que tinha ao lado, felizmente esquecido da função e apenas impregnado do entusiasmo partilhado. Que bom é quando posso estar com os meus rebentos desta forma!
Mas não será desta minudência familiar, para mim tão gratificante, que vos quero falar.
Quero partilhar convosco duas contradições. Primeiro, a beleza duma exibição na qual a "raça" do país vizinho está presente de forma emocionante durante a cerca de hora e meia. Não escondo de ningúem que, tendo sangue espanhol a correr-me nas veias, o meu iberismo possa ter razões genéticas. É algo que me aproxima do meu filho mais velho e não colhe grandes simpatias do outro, apesar da percentagem ibérica de ambos ser ainda maior do que a minha, acrescida que é, pelo lado paterno, onde também corre"sangre de España".
O que queria, era falar-vos do prazer de ver uma sala completamente cheia de gente, de pé, entusiasmada com a qualidade do que acabara de ver e, por uns momentos, esquecida da crise.
Segundo, e de sentido contrário, a minha tristesa quando, ao vir para casa, obrigada pelas obras no Terreiro do Paço, a circular por zonas velhas da cidade, por volta das três da madrugada - prolonguei o convívio familiar com uma ceia - fui confrontada com jovens adolescentes em magotes, bastante embriagados, ou até já mesmo drogados, que faziam da via pública a sua casa.
Pergunto: como é possível que pais conscientes deixem filhos, que não teriam mais que 12 ou 13 anos, estarem, àquela hora da madrugada fora de casa, dando-lhes, de certo, a chave e a semanada que permitem que tal aconteça? A que horas e em que condições irão aquelas crianças chegar ao lar paterno? Levarão consigo as amigas que poderão aumentar o já elevado número de gravidezes na adolescência? Ajudá-los-ão no eventual aborto que se segue? Haverá alguém que inquira isto, ou encontram-se todos à hora do lanche, felizes e tranquilos, para a primeira refeição do dia? Que vida vão ter estes jovens? Que ideia fazem do seu papel na sociedade actual?
Depois duma noite tão gratificante, esta apoteose final, deu mesmo cabo do meu sono!

H.S.C

1 comentário:

CAL disse...

Soube há dias que, actualmente, “está na moda” os paizinhos dessas crianças contratarem os serviços de seguranças privados incumbidos da tarefa de os ir buscar a casa, acompanhar a sua entrada e estadia na discoteca, bem como da responsabilidade de os levar a casa.

Enfim, é certo que vi a minha entrada nesses locais (saídas à noite) facilitada pela minha irmã mais velha, ainda assim, tinha 14 anos (bem perto dos 15), regressava a casa pelas 01h00 e ainda não cheguei aos 30 (faltam uns anitos).
Não sinto que tenha sido há tanto tempo, mas as diferenças parecem-me mais que muitas…

Não arrisco a dizer mais já que, creio, alongar-me-ia muito para além do conteúdo objectivo do post.

Cumprimentos.