quarta-feira, 24 de abril de 2024

AO MIGUEL

Hoje, passa mais um ano que o meu filho Miguel faleceu. Os primeiros pensamentos foram para ele, sorridente, na foto que está na minha mesa de cabeceira. Fiquei ali, sentada a berma da cama, a sorrir-lhe, sabendo que onde quer que esteja, estaria a fazer o mesmo. Dei-lhe um beijo e comecei, serena, o meu dia de trabalho. À noite volto a despedir-me, aguardando o seu aniversário, a 1 de maio. Esta ano irei pela primeira vez passar esse dia no mar da Praia das Maçãs, onde repousam as suas cinzas. E vou ser capaz de lá deixar um ramo de flores. Foi e é um filho abençoado!

Hoje é, também, a altura de me despedir dos meus leitores nas redes sociais. Foram quase dois anos a partilhar convosco uma forma de vida que é a minha, e que julguei poder levar outros, menos felizes, a rever as suas. Se consegui dar animo e força fico feliz. Se não consegui o objetivo, foi muito positivo para mim, ler os vossos comentários, que também me ajudaram a revisitar as várias vidas que vivi! Vou andar por aí a preparar o novo livro, que sairá em outubro, mas, de vez em quando, virei aqui dar novidades.

Finalmente, um agradecimento muito especial para todos aqueles que, antes de eu escrever estas linhas, se lembraram do Miguel.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

VÁ NO SEU RITMO

 

Num mundo que constantemente nos bombardeia com padrões e expectativas, é fácil cair na armadilha das comparações. Desde as redes sociais até ao ambiente de trabalho, somos constantemente confrontados com as conquistas e sucessos aparentes dos outros, o que pode gerar uma pressão insustentável para nos medirmos pelo mesmo padrão. No entanto, a verdade é que cada um de nós está numa jornada única, com circunstâncias, habilidades e objetivos próprios. Comparar a nossa trajetória com a de outra pessoa é não apenas injusto, mas também improdutivo. Cada um de nós tem o seu próprio ritmo de crescimento, as suas próprias experiências e desafios a enfrentar. Ao invés de se deixar levar pela tentação de comparação, é fundamental aprender a valorizar o próprio progresso e caminhada. Isso não significa estagnar ou contentar-se com menos do que se pode alcançar, mas sim reconhecer que o sucesso e a felicidade não são medidas universais. Respeite seu ritmo. Isso significa dar-se permissão para progredir de acordo com as suas próprias capacidades e circunstâncias. Às vezes, pode ser necessário desacelerar e cuidar de si mesmo, enquanto em outras ocasiões, pode-se acelerar o ritmo e desafiar os limites. O importante é manter-se fiel ao seu caminho, sem se deixar distrair pelas realizações dos outros.

Evite comparações que apenas minam a sua confiança e autoestima. Em vez disso, concentre-se em cultivar uma mentalidade de crescimento, onde o foco está em se melhorar a si mesmo a cada dia, em vez de superar os outros. Celebre as suas próprias vitórias, por menores que sejam, e aprenda com os seus próprios fracassos, sabendo que cada passo dado é uma parte valiosa da sua jornada pessoal. Lembre-se que a única pessoa com quem você deve comparar-se, é com a pessoa que você era ontem.

domingo, 21 de abril de 2024

FALHAR NÃO É O FIM


No tecido da vida, os fios do sucesso entrelaçam-se, muitas vezes, com os da falha. É uma verdade inegável que, por mais cuidado que tenhamos, por mais habilidades que acumulemos, às vezes falhamos. No entanto, é essencial reconhecer que falhar não é o fim do caminho, mas um capítulo no livro da experiência.

A sociedade, muitas vezes, estigmatiza o fracasso, pintando-o como uma marca de incompetência ou inadequação. No entanto, é através dos fracassos que construímos a nossa resiliência, a nossa capacidade de adaptação e a nossa sabedoria. Cada tropeço, cada obstáculo superado, ensina-nos lições valiosas que não poderíamos aprender de outra forma.

Os grandes empreendedores, artistas, cientistas e líderes do mundo não alcançaram o sucesso sem enfrentar falhas ao longo do caminho. O que diferencia essas pessoas não é a ausência de falhas, mas sim, a sua capacidade de aprender e crescer com elas. Enquanto alguns se deixam abater pela adversidade, outros abraçam-na como uma oportunidade de se reinventar, de refinar suas estratégias e de continuar avançando em direção aos seus objetivos.

Falhar não é o fim, mas sim uma parte inevitável e essencial do caminho para o sucesso. É uma oportunidade de reavaliar, de aprender, de se fortalecer e de seguir em frente com ainda mais determinação. Então, quando os ventos da vida soprarem contra nós e as ondas da adversidade ameaçarem afundar o barco, lembremo-nos que cada falha é apenas uma página virada, e o próximo capítulo pode ser o começo de uma grande vitória.

sábado, 20 de abril de 2024

O RAPAZ

Antes de tudo, quero fazer uma declaração de interesses. Sou muito amiga do Cláudio, que conheci, há imensos anos, num delicioso programa chamado “AS NOITES MARCIANAS”, um dos primeiros lates night shows que se fizeram em Portugal, sob a batuta admirável de Carlos Cruz. Nessa altura, intui que ele poderia ser o que quisesse, se lhe dessem oportunidade. Agarrou todas. Hoje é um dos pilares da TVI.

Cláudio Ramos é um comunicador nato com uma paixão pelo Alentejo e as suas gentes. Nascido em Luanda e criado no Alentejo, tem uma trajetória diversificada que inclui passagens pela televisão, rádio, imprensa escrita, publicidade, além de ter sido um dos pioneiros da blogosfera em Portugal.

“O Rapaz” explora temas profundos como a descoberta da sexualidade, a paixão, o prazer das coisas simples e o amor gay. O próprio autor refere que este romance representa uma maturidade crescente na sua escrita, oferecendo uma narrativa que poderia ser a de qualquer um de nós, com as suas histórias de ficção que se entrelaçam com a realidade.

A mensagem central do livro é uma celebração da aceitação e do amor próprio. Através da jornada do protagonista, o autor explora a importância de se aceitar e de valorizar a própria identidade e história pessoal. O livro aborda o amor gay com uma honestidade tocante, destacando que o amor pode ser encontrado em várias formas e que cada pessoa merece ser amada e respeitada como é.

“O Rapaz” é mais do que um romance. É um convite para refletir sobre o amor em todas as suas formas e a importância de nos aceitarmos e valorizarmos. Cláudio Ramos deixa uma marca na literatura portuguesa com esta obra, convidando os leitores a uma viagem introspetiva sobre a vida, o amor e a aceitação.

Além disso, “O Rapaz” convida os leitores a refletir sobre as suas próprias vidas, incentivando-os a abraçar a sua verdade e a encontrar alegria nas coisas simples. É um apelo à coragem de viver autenticamente e ao poder transformador do amor, seja ele romântico, familiar ou de amizade. A história é um alerta de que, apesar dos desafios e das adversidades, há sempre espaço para a esperança e para a felicidade genuína.

DA FINITUDE

A finitude é um conceito que reflete a natureza limitada da existência humana. Ela abrange aspetos físicos, temporais e existenciais, marcando a vida com a consciência de que tudo tem um fim. Na filosofia, a finitude foi explorada por pensadores como Platão e Aristóteles na Antiguidade, e por Descartes e Kant na Modernidade, cada um abordando a condição humana e as limitações do conhecimento e da razão.

 

A finitude nos envolve,

Com seu manto de mistério e inevitabilidade.

Limita nossos dias, molda nossas noites,

E nos lembra que somos passageiros temporários.

 

Nascemos, crescemos e envelhecemos,

Cada respiração é um tesouro, cada momento é um presente.

A finitude nos ensina a valorizar,

A vida, o amor, e as pequenas alegrias.

 

Na filosofia, encontramos perguntas,

Sobre o ser, o conhecer e o existir.

A finitude é o pano de fundo,

Para o drama humano em busca de sentido.

 

Platão via o mundo sensível como efêmero,

Aristóteles, a mudança e a causalidade.

Descartes questionava a certeza do saber,

E Kant, as fronteiras da razão humana.

 

A finitude é nossa companheira silenciosa,

Que nos acompanha desde o primeiro choro até o último suspiro.

Ela nos desafia a viver plenamente,

A amar profundamente e a deixar um legado de esperança.

 

Pois no fim, o que resta é o impacto,

Das vidas que tocamos e dos sonhos que vivemos.

A finitude pode ser o fim,

Mas também é o convite para começar a verdadeira jornada.

 

A finitude física lembra-nos da mortalidade e da transitoriedade do corpo humano. A finitude temporal faz-nos conscientes da preciosa natureza do tempo e da importância de viver o presente. E a finitude existencial confronta-nos com questões profundas sobre o propósito e o significado da vida.

Aceitar a própria finitude é uma parte integral do desenvolvimento pessoal e espiritual, permitindo-nos enfrentar a vida com autenticidade e coragem.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

DA SENSUALIDADE

A sensualidade é uma força poderosa que permeia todas as facetas da experiência humana, desde a arte até a interação interpessoal. Ela é mais do que simplesmente uma atração física; é uma expressão profunda da nossa conexão com o mundo ao nosso redor e com nós mesmos.

Em sua essência, a sensualidade é a celebração dos sentidos. É a maneira como nos envolvemos com o mundo através do toque suave da pele, dos aromas sedutores que nos envolvem, dos sabores que nos fazem suspirar e das melodias que acariciam nossos ouvidos. A sensualidade desperta nossos sentidos para a riqueza da vida, convidando-nos a mergulhar em experiências que nos elevam para além do comum.

Além disso, a sensualidade é um poderoso meio de expressão pessoal. Ela permite-nos comunicar os nossos desejos mais profundos, as nossas emoções mais íntimas e a nossa essência mais autêntica. Quando nos permitimos abraçar a nossa sensualidade, estamos nos concedendo a liberdade de sermos verdadeiramente nós mesmos, sem reservas ou inibições.

Na esfera dos relacionamentos, a importância da sensualidade é ainda mais evidente. Ela fortalece os laços entre amantes, criando uma intimidade profunda e uma conexão emocional que transcende o físico. A sensualidade permite explorar o corpo e a mente de nosso parceiro de uma maneira que é ao mesmo tempo estimulante e reconfortante, construindo uma base sólida para uma conexão duradoura e significativa.

Além disso, a sensualidade tem o poder de despertar a criatividade e inspirar a inovação. Na arte, na música, na dança e em todas as formas de expressão criativa, a sensualidade é uma fonte de inspiração inesgotável, infundindo cada obra com uma energia vibrante e uma beleza cativante.

A sensualidade é, assim, uma parte essencial da experiência humana, enriquecendo as nossas vidas de formas incontáveis. Ao abraçarmos a nossa sensualidade, estamos a permitir-nos viver de forma mais plena, apaixonada e autêntica, e a tornar cada momento uma celebração da beleza e do prazer que existe ao nosso redor.

terça-feira, 16 de abril de 2024

O MITO DA CAIXA DE PANDORA

Caixa de Pandora é um objeto extraordinário que faz parte da mitologia grega. Segundo a lenda, essa caixa foi criada pelos deuses e continha todas as desgraças do mundo, como a guerra, a discórdia e as doenças do corpo e da alma. No entanto, havia um único dom dentro dela: a esperança.

O mito da Caixa de Pandora explica a criação da mulher, suas qualidades e suas fraquezas, bem como todos os males existentes no mundo. Desde sua origem, o mito tem um caráter social. Neste caso, a Caixa de Pandora passou a representar a maldade que pode vir dela, a desobediência e a curiosidade que prejudicam os seres humanos.

Aqui está a história para quem não a conheça, mas já tenha ouvido falar dela. Ao logo dos tempos

O titã Prometeu, defensor da humanidade e conhecido pela sua inteligência, roubou o fogo de Zeus e entregou-o aos mortais. Com isso, ele assegurava a superioridade dos homens sobre os animais.

No entanto, o fogo era exclusivo dos deuses e de Zeus, o senhor dos homens e supremo mandatário dos deuses que habitavam o monte Olimpo. Furioso com a ação de Prometeu, quis se vingar. Com a ajuda de todos os deuses, ele encarregou Hefesto, deus do fogo e dos metais, e Atena, deusa da justiça e da sabedoria, de criar Pandora.

Pandora foi a primeira mulher a viver com os homens na Terra. Ela recebeu qualidades como graça, beleza, inteligência, paciência, meiguice, habilidade na dança e nos trabalhos manuais.

Antes de ser enviada à Terra, Zeus entregou-lhe uma caixa com a recomendação de que ela não deveria ser aberta, já que continha todas as desgraças do mundo e também a esperança.

Pandora, no entanto, não conseguiu resistir à curiosidade e, abrindo a caixa, libertou todos os males. Arrependida, tornou a fechá-la, mantendo presa a esperança.

O mito da Caixa de Pandora foi sendo  transmitido por via oral, não havendo precisão absoluta sobre este mito. Mas ele serve como um aviso de que, mesmo diante das adversidades e males, a esperança continua a brilhar como uma luz, no fundo da escuridão.